segunda-feira, setembro 19, 2011

16/09/2011


Mais uma vez de volta ao lugar do crime. Após anos regresso ao bar que me acolheu durante uma temporada de cura, Tardes bem pensadas a tentar escrever, a tentar encontrar-me nas linhas que escrevia. Olhando para trás nada disso interessa, nada do que foi escrito tem realmente significado, o que na altura parecia razão absoluta, não é mais nada do que pompa e circunstancia. Não quer dizer que não sentia, que era menos verdade, as linhas  marcaram e eram vero, no entanto olho agora com uma certa distancia, com um olhar irónico para tamanha inocência. 
Continuo a transcreve-los de forma a não os perder, muitas vezes não percebo a minha própria letra, palavras aqui a ali são ambíguas e por vezes trechos inteiros de frases perdem-se num borrão de tinta.

Por aqui pouco mudou, um pormenor ou outro da decoração, as fotos agora por detrás do bar invocam pin-ups e tempos veraneantes mais felizes. A matrona continua na sua moldura a guardar a boa sorte do bar nestes tempos difíceis. É bom estar de regresso aqui, uma sensação acolhedora.O cão continua a guardar as bebidas na prateleira da das bebidas, vamos chama-lhe Oscar. Ai está ele com pose desafiante a mirar os transeuntes que passam na rua, impávido e sereno à temperatura tórrida que se faz sentir, à humidade que se cola à pele.
A esta hora da tarde o bar tem pouco movimento, os poucos clientes encontram-se na esplanada a ler as suas revistas e jornais.
"Don't it all seems to go / you don't know what you got 'till is gone" numa remix circular RnB do Big Yellow Taxi da grande Joni.
O verão parece querer ficar mais um pouco connosco mas os dias continuam a encurtarem-se e em breve teremos uma nova estação.
O calor continua a apertar e peço outra imperial, existe ainda algum tempo a matar e vamos tentar fugir ao cansaço, é tempo de folga, tempo de gozar a vida e o bom tempo, a brisa do rio que nos surpreende de tempos a tempos. A confusão continua a invadir os nossos sentidos, o ruído e a sujidade, a cegueira das massas desgovernadas orientando o melhor que podem as suas vidas nos seus afazeres quotidianos, a falta de tempo, toda a gente tem pressa, toda a gente na cidade vive no espaço atrasado da existência.

Novas pessoas aparecem na nossa vida, por vezes não temos capacidade de apreciar essas bênçãos, por vezes não percebemos na altura o lugar que ocupam na nossa vida, por vezes procuramos preencher com elas o espaço que nos falta dentro de nós para depois descobrir que as peças não cabem, falta pedaços nelas outras estão a mais. A remodelação interna leva o seu tempo e existem sempre surpresas onde nunca se pensavam existir.Existem correntes profundas e nem sempre é fácil de navegar neste mar.
Agora passa a banda sonora da Amélie Poulain, sabe bem, sabe a doces refrescantes, luminosos de verão.
Mais uma imperial, está aqui é para o Oscar!

A cidade durante as ferias respira melhor, e tem um encanto especial nas zonas mais pacatas, o tempo passa guloso cheio de sensações, cores, sons e cheiros. As ruas e prédios expandem-se ao sol, contraindo-se à noite para os deixar mais acolhedores.
O Yann Tiersen martela agora uma maquina de escrever enquanto eu o acompanho ao teclado do portátil. 
A senhora do bar corta limões para as bebidas nocturnas e o seu aroma chega aqui, isto é perfeito.
Encontro-me perto da felicidade, bastante perto, isso assusta, não sei os limites e procuro sempre mais, é um precipício que facilmente atravesso para depois cair, sempre o medo da queda e o desconhecimento dos meus limites.
Clientes assíduos, curiosos e turista parecem agora afluir, está mais fresco na rua e o tempo parece abrandar até ao pôr do sol. Figuras familiares destas ruas aparecem aqui e ali e é bom reconhecer caras familiares. A musica soa agora mais alto de forma a atrair os clientes e a velocidade vertiginosa da noite começa a acelerar até o sol subir novamente no horizonte, para voltar a seguir o seu arco pachorrentamente.
Bebo agora um café para cortar o efeito do álcool, depois é passear e jantar e saber o que a noite vai trazer, mas sempre na espera do que ainda me aguarda na minha vda. Espectativa e esperança, não existe felicidade absoluta, mas podemos andar momentaneamente bastante perto.

INNI


Como aguardo este filme

terça-feira, setembro 13, 2011

quinta-feira, setembro 08, 2011

Cotão


Os pensamentos não vêm coerentes a estas horas da manhã mas uma coisa é certa, existe por aqui uma paz de espírito que à muito não tinha, uma calma vinda talvez de uma maneira diferente de ver as coisas, onde alguma coisa é capaz de fazer algum sentido. As grandes mudanças não vêm de um momento para outro, são construídas a partir de constantes e duradouras revoluções, resilientes em deixar marca pelo nosso corpo e mente.
Talvez a maturidade trás destas coisas, como a constante presença do mar, como aceitar a misteriosa presença de uma estrela cadente que marca o céu para logo se desvanecer, como a pureza prateada dos cabelos brancos.
Os dias passam apressados numa vida preenchida e o cansaço por vezes marca as feições, na duvida da diferença entre o viver e existir, entre o ser ou estar. Cada vez mais o tempo passa a correr e como ele foge, dispersa-se por pequenas coisas insignificantes que se acumulam e nos roubam a atenção, como o cotão nas esquinas das casas. 

sexta-feira, setembro 02, 2011

Nem por nada, faz hoje 6 anos que esta criatura nasceu, o tempo voa.

Pronto, era só isto.