quinta-feira, dezembro 27, 2007

E o brinde?



Para sua segurança a fava foi retirada ao seu Natal.
Obrigado pela sua preferência e continuação de festas felizes.

segunda-feira, dezembro 10, 2007

Regina Spektor - Better

Não é a reinvenção da roda nem do paradigma rapariga com o seu piano mas até está bem giro o video.

Weeds Intro - Season 2 Episode 10 - Regina Spektor

Pois é, parece que a menina Regina andou a cantar pela introdução do magnífico show que é o weeds.
Enjoy

"Little Boxes, little boxes..."

quinta-feira, dezembro 06, 2007

Tiago Bettencourt - 'O lenço'

"O lenço que me ofertaste
Tinha um coração no meio
Quando ao nosso amor faltaste
Eu fui-me ao lenço e rasgueio"

domingo, dezembro 02, 2007

Banheira (para M.)

Repouso agora o meu corpo numa banheira. Tempos realmente adversos. A dor lateja do meu maxilar até à testa. O vapor dispersa as dores de alma, as dores do coração pelo ar e condensa-se nos espelhos da casa de banho e no granito das paredes. Tudo está suspenso. Completamente imerso numa posição fetal chegam-me sons graves de parte desconhecida, duma outra realidade fora destas paredes.


As gotas orvalhadas dos espelho dispersam a luz tornando o sitio luminoso. Nas tardes de sol poente os raios, filtrados pelas buganvílias que rodeiam a casa, cortam o vapor num bailado abstracto.


Aqui o mundo não existe, aqui tudo é perfeito e luminoso, aqui eu tento regressar.

A todos os bebés que permaneceram aqui e a mim força pois daqui parti.

Quotidiano

- Desculpe, posso lhe tirar uma foto? Pergunta à senhora que vem a passar na rua.
- Uma foto? Minha? Desculpe mas realmente não tenho tempo para isso. Prossegue pela rua abaixo.



- Desculpe posso lhe tirar uma foto? Pergunta ao senhor de fato que entra no café.
- Porque raio quer uma foto minha?
- Sabe sou um aluno de belas artes e como trabalho de casa temos que tirar retratos a desconhecidos.
O senhor pede uma bica ao balcão e senta-se numa mesa disponível, o jovem coloca-se à sua frente.
- Ande lá com isso, pode-me tirar uma foto. Assegure-se que fico bem.
O tímido jovem tenta balbuciar:
- Sabe não é assim tão simples, o projecto requer que se capte a essência do modelo de forma mais realista possível. Ouvia a voz do seu professor na sua cabeça.
- E como se faz isso. Pergunta o homem já com a bica à sua frente.
- Posso me sentar? Seguído de um ligeiro aceno de cabeça por parte do homem tenta-se sentar, desajeitadamente, na cadeira em frente ao homem.


Pediu então ao senhor para lhe contar a sua vida, algo que lhe mostrasse como era a sua existência, o que fazia, a sua família, os seus amores, os seus interesses. Desde a conversa fútil do seu dia a dia, do emprego com ordenado fixo ao fim do mês, dos seus amores futebolísticos, do casamento monogâmico e dos seus deslizes, “que todos os homens cometem”, às suas paixões juvenis.

À medida que os cigarros desfilavam pelos seus dedos o jovem misteriosamente sentiu-se cada vez mais atraído pela existência deste homem, funcionário publico à 20 anos.

As fotos nunca foram tiradas. O retrato do senhor junto à águia do Benfica que abençoava o estabelecimento, o amigalhaço dono no balcão com o seu bigode nunca ficariam para a posteridade, o senhor viu o seu autocarro do outro lado da rua.
- Desculpe mas tenho mesmo que apanhar o autocarro mas gostei realmente de falar consigo. Hoje em dia não é habitual falar da nossa vida com estranhos. Devia ter mesmo tirado logo a foto.
Ficou ainda meia hora no café a consumir a sua estranheza olhando para a azafama da vida fora do café.


Meses passaram e voltou a encontrar o senhor na rua. O senhor não o reconheceu , abordou-o com ar miserável:
- Desculpe jovem podia-me arranjar um cigarro para o caminho para casa. Os meus acabaram, um dia difícil...
Tirou do bolso o maço de tabaco e retirou 2 cigarros dos 3 que tinha.
- Muito obrigado, muito obrigado.
No rosto do jovem desenhou-se um sorriso misterioso nesse dia frio e disse:
- Obrigado eu. Disse com verdadeira gratidão.