sábado, dezembro 10, 2011

segunda-feira, setembro 19, 2011

16/09/2011


Mais uma vez de volta ao lugar do crime. Após anos regresso ao bar que me acolheu durante uma temporada de cura, Tardes bem pensadas a tentar escrever, a tentar encontrar-me nas linhas que escrevia. Olhando para trás nada disso interessa, nada do que foi escrito tem realmente significado, o que na altura parecia razão absoluta, não é mais nada do que pompa e circunstancia. Não quer dizer que não sentia, que era menos verdade, as linhas  marcaram e eram vero, no entanto olho agora com uma certa distancia, com um olhar irónico para tamanha inocência. 
Continuo a transcreve-los de forma a não os perder, muitas vezes não percebo a minha própria letra, palavras aqui a ali são ambíguas e por vezes trechos inteiros de frases perdem-se num borrão de tinta.

Por aqui pouco mudou, um pormenor ou outro da decoração, as fotos agora por detrás do bar invocam pin-ups e tempos veraneantes mais felizes. A matrona continua na sua moldura a guardar a boa sorte do bar nestes tempos difíceis. É bom estar de regresso aqui, uma sensação acolhedora.O cão continua a guardar as bebidas na prateleira da das bebidas, vamos chama-lhe Oscar. Ai está ele com pose desafiante a mirar os transeuntes que passam na rua, impávido e sereno à temperatura tórrida que se faz sentir, à humidade que se cola à pele.
A esta hora da tarde o bar tem pouco movimento, os poucos clientes encontram-se na esplanada a ler as suas revistas e jornais.
"Don't it all seems to go / you don't know what you got 'till is gone" numa remix circular RnB do Big Yellow Taxi da grande Joni.
O verão parece querer ficar mais um pouco connosco mas os dias continuam a encurtarem-se e em breve teremos uma nova estação.
O calor continua a apertar e peço outra imperial, existe ainda algum tempo a matar e vamos tentar fugir ao cansaço, é tempo de folga, tempo de gozar a vida e o bom tempo, a brisa do rio que nos surpreende de tempos a tempos. A confusão continua a invadir os nossos sentidos, o ruído e a sujidade, a cegueira das massas desgovernadas orientando o melhor que podem as suas vidas nos seus afazeres quotidianos, a falta de tempo, toda a gente tem pressa, toda a gente na cidade vive no espaço atrasado da existência.

Novas pessoas aparecem na nossa vida, por vezes não temos capacidade de apreciar essas bênçãos, por vezes não percebemos na altura o lugar que ocupam na nossa vida, por vezes procuramos preencher com elas o espaço que nos falta dentro de nós para depois descobrir que as peças não cabem, falta pedaços nelas outras estão a mais. A remodelação interna leva o seu tempo e existem sempre surpresas onde nunca se pensavam existir.Existem correntes profundas e nem sempre é fácil de navegar neste mar.
Agora passa a banda sonora da Amélie Poulain, sabe bem, sabe a doces refrescantes, luminosos de verão.
Mais uma imperial, está aqui é para o Oscar!

A cidade durante as ferias respira melhor, e tem um encanto especial nas zonas mais pacatas, o tempo passa guloso cheio de sensações, cores, sons e cheiros. As ruas e prédios expandem-se ao sol, contraindo-se à noite para os deixar mais acolhedores.
O Yann Tiersen martela agora uma maquina de escrever enquanto eu o acompanho ao teclado do portátil. 
A senhora do bar corta limões para as bebidas nocturnas e o seu aroma chega aqui, isto é perfeito.
Encontro-me perto da felicidade, bastante perto, isso assusta, não sei os limites e procuro sempre mais, é um precipício que facilmente atravesso para depois cair, sempre o medo da queda e o desconhecimento dos meus limites.
Clientes assíduos, curiosos e turista parecem agora afluir, está mais fresco na rua e o tempo parece abrandar até ao pôr do sol. Figuras familiares destas ruas aparecem aqui e ali e é bom reconhecer caras familiares. A musica soa agora mais alto de forma a atrair os clientes e a velocidade vertiginosa da noite começa a acelerar até o sol subir novamente no horizonte, para voltar a seguir o seu arco pachorrentamente.
Bebo agora um café para cortar o efeito do álcool, depois é passear e jantar e saber o que a noite vai trazer, mas sempre na espera do que ainda me aguarda na minha vda. Espectativa e esperança, não existe felicidade absoluta, mas podemos andar momentaneamente bastante perto.

INNI


Como aguardo este filme

terça-feira, setembro 13, 2011

quinta-feira, setembro 08, 2011

Cotão


Os pensamentos não vêm coerentes a estas horas da manhã mas uma coisa é certa, existe por aqui uma paz de espírito que à muito não tinha, uma calma vinda talvez de uma maneira diferente de ver as coisas, onde alguma coisa é capaz de fazer algum sentido. As grandes mudanças não vêm de um momento para outro, são construídas a partir de constantes e duradouras revoluções, resilientes em deixar marca pelo nosso corpo e mente.
Talvez a maturidade trás destas coisas, como a constante presença do mar, como aceitar a misteriosa presença de uma estrela cadente que marca o céu para logo se desvanecer, como a pureza prateada dos cabelos brancos.
Os dias passam apressados numa vida preenchida e o cansaço por vezes marca as feições, na duvida da diferença entre o viver e existir, entre o ser ou estar. Cada vez mais o tempo passa a correr e como ele foge, dispersa-se por pequenas coisas insignificantes que se acumulam e nos roubam a atenção, como o cotão nas esquinas das casas. 

sexta-feira, setembro 02, 2011

Nem por nada, faz hoje 6 anos que esta criatura nasceu, o tempo voa.

Pronto, era só isto.


segunda-feira, agosto 29, 2011

Alice - rehearsal

Alice by MJSF

Estava sentado à beira-mar numa pedra
quando uma lagarta e um cogumelo
por entre nuvens de fumo espesso
me inquiriram sobre um submarino amarelo
amarelo
saltei para a água e desejei-te arduamente
nadamos os dois até ao horizonte
já nos esperavam os convidados
sentados à mesa olhavam o relógio
é a hora do chá
é a hora do chá
beladona mescal, chá de tília que não faz mal
Alice
Alice
Alice

Round Here / Raining in Baltimore


Why is this still so significant
because it rings true

domingo, agosto 28, 2011

sexta-feira, agosto 19, 2011

I do

"I seek images that don't exist,
and if they do they're crumpled and concealed
like summer clothes in the winter,
when frost stings the mouth."

quarta-feira, julho 27, 2011

Sinclair

Sinclair by MJSF

One of the firsts things I've done that I'm proud of, but can't help to notice all the many things lost in the meantime.

sábado, julho 16, 2011

sábado, julho 09, 2011


Existe uma estrada junto ao mar que segue em direcção a sul. Sempre junto à orla costeira, num azul infinito e o cheiro a maresia. Existem canaviais que despontam junto ao mar de chorões, existem floreamentos rochosos esculpidos pela força bruta do tempo e do mar. Existe poeira fina que se cola aos ossos no percurso de tabuinhas pelo areal abrasador.

Existe uma inocência perdida algures na infância nestes dias de verão, na ociosidade desses momentos. Um cheiro guloso tropical colado à pele das pessoas. Existe o marulhar das ondas que embalam como bebés. Existe um sol calcinante que marca a pele como souvenir para tempos mais frios. Existe um mar de pegadas sem destino aparente e o grito cristalino das crianças ao fundo. Existe a languidez liquida do barulho do mar a bater nos cascos dos navios aportados, os reflexos marítimos na nossa cara fazendo-nos chorar Nada acontece, tudo existe e isso é paz.



domingo, julho 03, 2011

Self Portrait - Sketch


I wonder how the little details change everything, the amount of time you can waste on something and how your eyes fools you when they get used to something

but I kinda like this one

quarta-feira, junho 29, 2011

é bom estar de volta

depois de cortar amarras

No voo de regresso

E agora escrever, escrever no avião à espera que o cansaço ou a droga faça efeito e a sua voz comece a soar. Apenas sente-se mais mole, e costuma estar bem atento ao que se passa, mas logo de seguida as frases da sua cabeça perdem o sentido e apenas deseja descrever com rapidez as coisas que quer escrever, sem filtros, muito difícil, só momentos em momentos, isto não é escrita automática, é uma escrita adaptativa que vai levar o modelo de acordo com as especificidade mais eso-técnicas, de forma a implementar o programa estipulado, questionando os seus cobardes tormentos esta maquina homem, perde agora tempo a escrever martelando os dedos no teclado, sem filtros, maquina automática, uma pausa para rever o que se engajou, procura não fasear isso, escrever apenas o seu processo de criação metalúrgica, siderúrgica mental pelas vicissitudes dos seus escombros e o falatório da companhia para andar, neste caminho triste que pode ser a vida saem rés, solou muito alto e fora de tempo e por vezes apanhou escaldões, pois não mete filtros entre ele e a unidade, por outro lado sabe que não vê as coisas como olha, como os restares olham e como a realidade ( é, - difícil demais de assimilar que tal cortar e colar pequenos pedaços brilhantes da realidade. É muito difícil viver, porque não comprar xampa, promoção válida até trinta de dezembro não acumuláveis com outras promoções a ocorrer na sua vida. Consultar o seu medico: como quando me saiu na rifa um coração quebrado, à medida que ia raspando os três quadradinhos, e depois das três vezes tentadas (nem uma cereja), ficar com o prémio de consolação. A ironia de ser ele próprio a engelhar o coração de quem não merece que lhe façam isso. Mas como bom jogador que é há muito apostou a sua sanidade mental, que é como quem diz, culpa não puxa carroça, que se por vezes é fácil outros dias é tão difícil como chegar a ser completamente voador. E escreve, escrever o inusitado e o abstracto , o reflexo e o inatingível, com a velocidade cruzeiro de quem vai muito drepressinha, com a sensibilidade de uma cascavel ao sol com a bunda a rebolar, talvez consiga dormir em breve e acordar em algo que se possa chamar casa, sim talvez isso, um sitio para descansar que é seu, talvez quando chegar ao aeroporto as malas estejam lá, talvez seja isso, talvez não, talvez descobri que afinal não tenho jeito. É apenas mais uma daquelas coisas que tento fazer porque na minha cabeça acho que sou bom a frasear ou que tenho algo a dizer, acontece, que não tenho, tudo o que tinha esvaziou-se de mim no dia do jackpot, e perdi,
Falta o álcool, para entorpecer a cabeçada que se protege dos meus dedos que procuram abrir a cabeça com os meus miolos palitar aqui a minha obra, álcool podia potencializar o efeito, vou tentar dormir.
Um redondo silencio,
Ôi, como vai você?

sábado, janeiro 29, 2011

NY - um regresso

Pelos vistos as drogas não tiveram sucesso, no momento de regresso assoma-me uma energia vinda sabe-se lá de onde para me manter acordado.

Talvez tenha sido o efeito do vinho nos comprimidos, que me provoca o brilho maníaco no olhar. Falta pouco para chegar, conto beber café, distribuir as oferendas, fumar uns cigarros e regressar para casa. Sim talvez casa, talvez cada vez mais casa, como se só depois de todos os lugares que conheci e vivi pudesse chamar casa ao lugar onde vivo. Sem duvida que estou cansado mas já passei por coisas piores, outros cansaços e sofrimentos, na minha cabeça são este cansaço, este sofrimento medida da vida, não me recordo desde quando sinto isso, mas tenho presente em mim desde muito cedo. Talvez não tenha sido uma criança feliz, mas quem o foi?

Regresso de umas ferias completamente inconsequentes, em que vivi como um rei, em sintonia com aquela cidade, aquele fluxo de energia. Umas ferias que me senti só e sozinho, feliz e emocionado, bêbado e lesionado.

Parte do interesse em viajar resulta do desconhecimento, do mistério, do potencial, quantas vezes me dou a pensar como seria a minha vida aqui, ou então algum episódio que só poderia acontecer ali, o que não é realmente verdade mas que de facto assim acontece. Provavelmente prende-se com o facto que podemos ser quem quisermos, podemos fugir de nós e construir um novo das peças e partes amolgadas. Mesmo que não aconteça nada existe sempre o potencial para tal acontecer e isso torna o nosso estado de espirito aberto ao mundo, ao contrario da nossa mundana vivência.

Das pessoas que conheci por lá gostaria de ter desenvolvido mais o relacionamento, ter tempo para investir nisso, doar algo de mim e não ser apenas um buraco negro que tudo absorve, com a sua curiosidade, sentidos e emoção.

Coney Island é um local muito especial, luminoso, para mim. Consegui sentir-me feliz, sozinho, confortável, agradecido, triste, em paz. É um local bem especial que não sei descrever bem, não sei se é por estar no outro lado do atlântico a olhar para casa, como se o efeito de perspectiva muda-se alguma coisa.

Regresso agora completamente cansado com os olhos vermelhos de secura do ambiente reciclado da cabine do avião, volto para mais um regresso, um pouco diferente do que quando parti.

Estamos neste momento a sobrevoar os Azores, faltam duas horas até Lisboa, são 22h30 em NY e estamos a 5802 km do polo Norte com uma velocidade de 998 km/h. Com um vento da cauda de 169 km/h.

Por cima da camada leitosa das nuvens e do avançado das horas a presença amigável da lua prenha e das estrelas tornam o ambiente acolhedor, pela imutável e misteriosa presença.

segunda-feira, janeiro 24, 2011

Outra vez aqui

O tempo abranda e perpetua-se neste espaço, neste lugar preciso em que tudo é calma. Mais um inverno, fecha-se novamente um ciclo e encontramos-nos no mesmo lugar, pouco mudou, interiormente. Claro que estamos mais velhos o tempo é inexorável e nem sempre bondoso, mas interiormente aprisiona-nos a nós próprios.

O tempo porventura como a coisa mais importante, como medida da existência, um dia estou aqui no momento a seguir posso deixar de estar, como um dia estas aqui e no outro deixas de estar. Tempo sem recordação, cada momento um novo, a bênção dos estúpidos que não aprendem, dos heróis que vivem a vida no momento.

O ciclo das aves migratórias

engravado na sua existência, no nosso ADN. O ciclo das nossas vidas em esferas concêntricas que nunca se chegam a tocar, a gravidade deste sistema e no centro o quê? Vazio?, Amor? Não sei, nunca fui bom a

constatar os factos no momento que os sinto, limito-me a cumprir com a sua força,

massa e inércia, num sistema de acção-reacção. Mas se tudo fosse tão simples quanto

isso, a física clássica ficou aquém, agora sou eu mas também sou o universo e vice-versa,

agora estou aqui mas parte de mim também está em todo o lado. Pudesse eu

multiplicar-me em cada escolha tomada, em cada possibilidade. Sonhar a viver cada

uma delas. Agora tudo é mais confuso mais imaterial na velocidade dos dias que

passam e das noites que passo sem dormir.

O tempo frio regressa, cristalino belo e puro na noite escura. A gotas de chuva nos

vidros das janelas reflectem luzes distantes e o tempo tarda a passar, a dolência e o

torpor nos dedos e no pensamento. Nem neste tempo de beleza cortante consigo-me

manter terra a terra e a clareza cristalina só aparece de tempos a tempos. Penso em

viagens, em fugas absurdas para poder aportar em mim e no que em mim é

verdadeiro.

Os dias que passo sem sentir, na falta de fé, nas amarras que prendo a

mim mesmo no lastro que deixam em meu redor.

Busco uma voz que nem sempre está presente, um tom verdadeiro e um fio

orientador neste labirinto. Procuro ser o criador sem ser o artista, a luz, a intensidade

e a verdade no meio da escuridão que tanto preso e crio em meu redor, um jogo de

sombras chinesas para me entreter.