domingo, dezembro 02, 2007

Banheira (para M.)

Repouso agora o meu corpo numa banheira. Tempos realmente adversos. A dor lateja do meu maxilar até à testa. O vapor dispersa as dores de alma, as dores do coração pelo ar e condensa-se nos espelhos da casa de banho e no granito das paredes. Tudo está suspenso. Completamente imerso numa posição fetal chegam-me sons graves de parte desconhecida, duma outra realidade fora destas paredes.


As gotas orvalhadas dos espelho dispersam a luz tornando o sitio luminoso. Nas tardes de sol poente os raios, filtrados pelas buganvílias que rodeiam a casa, cortam o vapor num bailado abstracto.


Aqui o mundo não existe, aqui tudo é perfeito e luminoso, aqui eu tento regressar.

A todos os bebés que permaneceram aqui e a mim força pois daqui parti.

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